26/06/2009

TEMPESTADE

TEMPESTADE


“ Ando a chamar por ti, demente, alucinada,
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde? ...
O eco ao pé de mim segreda... desgraçada...
E só a voz do eco, irônica, responde!

Estendo os braços meus! Chamo por ti ainda!
O vento, aos meus ouvidos, soluça ao murmurar;
Parece a tua voz, a tua voz tão linda
Cantante como um rio banhado de luar!

Eu grito a minha dor, a minha dor intensa!
Esta saudade enorme, esta saudade imensa!
E só a voz do eco à minha voz responde...

Em gritos, a chorar, soluço o nome teu
E grito ao mar, à terra, ao puro azul do céu:
Aonde estás, amor? Aonde... aonde... aonde? ...”


"Aonde?..." - Florbela Espanca

Um comentário:

Marcelo Portuaria disse...

Não nos resta sonhar, aos pés do lirismo de Florbela Espanca. Mãe dos sonetos português, e maternidade qual em vida não rogou.
Certamente, possui as cores da solidão transformadas na aquerela de seus sentimentos; ora altivos ao extremos, ora sorumbáticos.