24/11/2009

O Corpo de Eugênio Barba

“Meu corpo é o meu país.
O único lugar no qual eu sou sempre.
Não importa onde eu vou, estou sempre em mim, sempre em meu país.
Nunca estou no estrangeiro, nem no exílio, quando não estou separado do meu corpo.
Quando digo corpo, entendo essa parte da alma que pode ser percebida por nossos cinco sentidos, a respiração vital, o pneuma e o ruach, o eu total, o mistério das potencialidades da vida que eu encarno.”


Eugenio Barba

Postado por Gisele Jorgetti
Integrante do Núcleo MOTIN

22/11/2009

PRIMEIRO CICLO DE LEITURAS DO MOTIN - Encontros dos dias 08 e 15 de Novembro de 2009

A leitura de textos e autores fundamentais para a arte teatral - e sua discussão - tem sido o foco e o prazer destes nossos encontros.


Em 08 de novembro lemos "Marat-Sade", de Peter Weiss, judeu-alemão que, tendo conseguido escapar do nazismo, tornou-se um dos grandes representantes da dramaturgia mundial do século XX.
No dia 15 de novembro, a leitura de "O Assassinato do Anão do Caralho Grande", de Plínio Marcos, na semana da celebração dos 10 anos de seu falecimento, rendeu-nos momentos de divertimento e reflexão importantes.
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Dois grandes autores. Dois grandes textos. Dois momentos de comunhão teatral para não esquecer.
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Orleyd Faya
Diretora do Núcleo MOTIN







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PRIMEIRO CICLO DE LEITURAS DO MOTIN - Encontros dos dias 08 e 15 de Novembro de 2009. Local: Espaço 2 de Artes - Teatro Plínio Marcos e Sala Linneu Dias - São Paulo Responsável: Orleyd Faya. Produção Geral: Magali Romano. Participantes: Bruno Cesar Barbosa, Fernanda Torate, Janete Menezes Rodrigues, João Cruz, Leonardo Fábri, Luciene Óca, Marcus Sioffi, Miriam Oliveira, Roberto Fabrício, Uanderson Melo e Virginia Iglésias.

21/11/2009

Inspiração

Hoje, ao andar pela vida, me deparei, no painel de uma escola onde o trabalho é dedicado à Consciência Corporal especialmente, com esta frase que me inspirou. Não constava nela o nome do autor, por este motivo não posso apontar-lhe o crédito...mas me parece que - pelo seu modo de ver a vida expresso na frase - ele (ou ela) preferiria que seu conteúdo fosse passado adiante, ainda que sem citar-lhe a autoria. Qualquer dia espero descobrir seu nome para com justeza conferir-lhe a devida referência.
Por hora, aí vai:

"Há um tempo em que devemos trocar as roupas usadas
que já possuem o formato do nosso corpo,
de escolher novos caminhos,
que nos levem a lugares diferentes.
Porque se não o fizermos, corremos o risco de termos vivido sempre
à margem de nós mesmos"


Postado por orleyd faya
Diretora do Núcleo 
MOTIN

04/11/2009

Publique-se e analise-se


Aos que estão cercados de cinza por todos os lados.

Aos que estão rodeados de computadores, esverdeando dentro de escritórios.

Aos que estão parados, ladeados por carros num trânsito dos infernos.

Aos que estão encaixotados dentro de elevadores.

Aos que estão isolados por paredes, curando-se de gripe suína.

Aos que estão espremidos dentro de conduções.

Aos que estão cercados de carteiras, focados numa grande lousa.

Aos que estão desaparecendo atrás de um fina garoa.

Aos que estão sendo consumidos por sofás.

Aos que estão completamente cercados pela pressa.

Aos que estão totalmente possuídos por multiplicar dinheiro.

Aos que estão rodeados por santos e rezas.

Aos que estão absorvidos pelo desejo de vingança.

Aos que estão cercados por recém-nascidos berrando em suas pequenas camas de acrílico.

Aos que estão no meio de uma confusão que não lhes diz respeito.

Aos que estão cercados por comprimidos.

Aos que estão rodeados por assombros.

Aos que estão dominados pela fúria.

Aos que estão rodeados de enormes vitrais com um rodinho e sabão.

Aos que estão comprando a ideia de uma sociedade de consumo.

Aos que estão observando os fumantes consumindo suas ampolas fora de estabelecimentos.

Aos que estão tensos em uma pequena sala que antecede a entrevista de emprego.

Aos que estão cercados de tristeza e entes queridos em um cemitério.

Aos que estão rodeados de madames maleducadas numa lavanderia.

Aos que estão em seus casulos, protegidos por enormes grades e cercas elétricas.

Aos que estão com a cabeça em parafuso.

Aos que estão prestes a fazer um pedido de casamento.

Aos que estão rodeados por advogados numa audiência de separação.

Aos que estão cobertos por jornais, dormindo em bancos.

Aos que estão no centro de uma roda de contas a pagar.

Aos que estão tendo seus pulmões consumidos por gases de álcool e gasolina nos postos das esquinas.

Aos que estão desistindo do convívio humano e se cercando de animais de estimação.

Aos que vivem rodeados do prazer de dizer que estão faltando alguns documentos.

Aos que estão cobertos de medo e pânico.

Aos que estão querendo trocar de sexo.

Aos que estão tomados por tristes lembranças da infância.

Aos que estão sobrecarregados pelo esforço de puxar carroças pelas ruas.

Aos que estão rodeados de enormes labaredas, tentando contê-las com mangueiras.

Aos que cercados e sendo consumidos por um cotidiano tolo.

Aos que estão cercados de segredos.

Aos que estão cercados pelo sentimento de culpa.

Aos que estão no centro de uma importante questão.

Aos que estão cobertos de graxa embaixo dos eixos de veículos.

Aos que estão cercados de tapinhas nas costas.

Aos que estão acabrunhados porque levaram um pé na bunda.

Aos que estão atarefados com afazeres domésticos.

Aos que estão cercados por gerúndios em telefones.

Aos que estão rodeados por máquinas barulhentas, perdendo a audição.

Aos que estão sedentos por sentir algo.

Aos que estão cercados por familiares, lutando contra um vício.

Aos que estão certos de não crer em nada.

Aos que estão construindo um corpo escultural e se esquecendo da mente.

Aos que estão cheios de não que toques.

Aos que estão perdendo a razão.

Aos que estão cercados por um império, perdendo a noção de valores.

Aos que estão aqui somente para criticar.

Aos que estão consumidos pelo desejo de voar.

Aos que estão sucumbindo à corrupção.

Aos que estão sendo corroídos pela depressão.






A todos vocês, a luz e as cores de Matisse.




A todos vocês e mais aos esquecidos.




(Campanha publicitária da Agência F/Nazca S&S sobre a Exposição das obras de Matisse na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Impressa no caderno Ilustrada do jornal Folha de São Paulo, pág. E3, em 1º de outubro de 2009.)