28/02/2009

Quem é

O MOTIN é um núcleo de profissionais que estuda as diversas áreas e competências teatrais, aplicando em exercícios práticos os resultados de suas pesquisas.
Para contemplar esta ação, surgiram os encontros "Percepção e Experimentos” que concretizam a união pesquisa X prática.Tendo como ponto de partida uma dramaturgia específica e explorando suas possibilidades de encenação, cada módulo “Percepção e Experimentos” proporciona a imersão em um tema escolhido através da dinâmica proposta pelo integrante do núcleo (Amotinado).
Para a realização de cada encontro, são convidados participantes pré-inscritos com perfil coerente ao alvo do exercício a ser realizado.
Encerrando a dinâmica, o integrante do núcleo (Amotinado) e convidados debatem o produto obtido ao final do processo de trabalho e analisam o experimento realizado, comparando sua proposição inicial e o resultado alcançado.
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27/02/2009

MOTIN

“Quisera mudar minha vida e a de todo mundo.
Não sei como fazê-lo.Senão a vida,
pelo menos o dia, a noite,
a hora, o minuto.”
- Joseph Chaikin -
Diretor do “Open Theater”


Ah! Nós que viemos homens e mulheres de teatro e nossa profunda ânsia de trazer à luz as revelações que – acreditamos – somos os únicos capazes de conceber.
Ah! Nós e nossas palavras proferidas, verbo que lançamos no vento e que nos auto-condena ao prazer da busca e à dor de eternamente buscar.
Entretanto, não temos saída: viemos atados a este desejo inabalável, a esta vocação persistente que põe no encontrar o outro o nosso alvo. E no trajeto que percorreremos (e)ternamente à procura dele, a surpresa de tropeçar repetidas vezes em nós mesmos e nos segredos que são só nossos, mas que permanecemos nos esforçando para esconder de nós.
Assoberbados no rastro de um rumo que nos torne possível trazer ao mundo o único ingrediente que intuímos poder torná-lo melhor, cremo-nos exclusivos conhecedores daquilo que há de fazer toda a diferença. Acreditamo-nos os únicos portadores da boa nova tão esperada.
Ingenuamente arrogantes, reprisamos os passos dos ancestrais heróis trágicos, embriagados que estamos pela vertiginosa ilusão de por momentos sentirmo-nos deuses.
E ainda que a temível punição nos seja inevitável, ainda que venhamos a ser impiedosamente castigados por nossa petulante ousadia, ainda assim arriscaríamos tudo pela remota possibilidade de chegar a tocar os céus.
A despeito de tudo, desconhecemos outra maneira possível de ser: hão de nos perdoar talvez por isto. Cometeremos a hybris e não há para nós outra saída.
Os olhos vazados de Édipo são nosso inapelável destino. Atam-nos ao paradoxal objeto de nossas ânsias atávicas e de nossa simultânea perdição.
Há que buscar. Incessantemente.
Há que buscar. Incansavelmente.
Buscar de perder o fôlego e chegar à ruína.
Buscar de perder a voz.
Buscar mesmo que não sabendo como, por onde ou por quê.
E é desta busca – vertigem e embriaguês, tropeço, aplauso e ebulição – que decidimos falar aqui, neste espaço que se inaugura, da forma que nos for possível e a partir de exatamente agora.
É desta insaciável busca, resultado de sermos descontentes do que já temos e do que já sabemos, que pretendemos falar.
Falar da busca que nos fez tramar um MOTIN, erguer as mangas e partir à deriva – porque não há mesmo como juntar garantias: é disto que pretendemos falar.
Estamos repletos. Completos da necessidade de dividir com outros esta (a)ventura. Este é, enfim, um chamado que fazemos para zarpar.
Esperamos por todo aquele que virá.

Orleyd Faya
Diretora do Núcleo MOTIN

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