23/12/2009

PORQUE VAI EMBORA 2009...

Um MOTIN não se trama por acaso. Nem é fácil fazê-lo. Sabíamos disso.
Há que se ter primeiro a consciência de uma ausência, de uma fome qualquer que não cessa.
Há que nos ferir a boca do estômago a necessidade intransferível de um algo que permanece encoberto, desconhecido.

Aderir ao MOTIN é sofrer a ânsia inelutável do pertencimento, do mergulho no coletivo. Amotinar-se é escolher o descontentamento. Sempre e mais.
É praticar um ato definido de se arremessar - e forte -, na rota contrária a tudo que já dominamos.
Decidir assim.

Há riscos envolvidos, obviamente.
E o tributo a pagar é o exercício permanente de uma vigilância que não permita que sejamos apanhados na trama do irrefletido, no movediço terreno das certezas.
Estas não interessam.
Por isso há que se convocar a coragem, motor infalível da vontade.
E incessantemente.

Um amotinado é um bicho de faro, na trilha do não sabido.
Segue na captura de um rastro encontrado a pulso, poucas pistas dão-lhe algum sinal.
Predador à solta, ele está faminto: é de sua natureza.
E os deuses, curiosos, olham-no de canto, para rir-se dele em seu vício enlouquecido de procurar.

Quando começamos tudo, esperávamos por aqueles que viriam para juntar-se a nós.
Muitos chegaram.
Com estes, hoje partilhamos gratos e fraternalmente, as aventuras e as descobertas que vamos deixando em 2009.
Reafirmando nosso ato de fé, nós os convocamos a mais vezes estar conosco no novo ano.
O encontro de muitos outros que também procuram é nosso mais eloqüente projeto para 2010.
Até lá.

Orleyd Faya
Diretora do Núcleo MOTIN